A aluna, concluiu seu curso de Pós-graduação em Educação Inclusiva e destacou no seu Artigo, Nesta exposição, procuro apontar alguns desafios que permeiam o discurso e a ação de todos os segmentos envolvidos com a questão da inclusão em nossas escolas. Buscando como embasamento teórico trazer as leis criadas para garantir o direito ao ensino dos alunos com necessidades educacionais especiais. Procuro também destacar os principais problemas, dificuldades e impasses presentes no dia-a-dia dos educadores, alunos, escola e outros segmentos da comunidade escolar. Focalizando a análise na escola como espaço de formação e produção de conhecimento que tem como objetivo integrar e inclui o seu aluno, e também a necessidade de investir na qualificação de seus professores. Apresento também um breve relato de experiências com o objetivo de estimular a reflexão acerca do tema inclusão, sem a necessidade de mencionar os nomes dos professores ou da escola envolvida, pois tais experiências são semelhantes e parte do cotidiano de muitas outras escolas em nosso país.
Veja abaixo mais detalhes do Artigo
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VÂNIA LÚCIA MEDEIROS DA SILVA
ESCOLA
PARA TODOS: OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA
Artigo científico apresentado ao
Curso de Pós-Graduação da Universidade da cidade de São Paulo -UNICID, como
requisito para obtenção do certificado de Especialista em Educação Inclusiva.
Prof.
Orientador: LEOCILÉA APARECIDA VIEIRA
TEUTÔNIA
2011
TÍTULO:
ESCOLA PARA TODOS: OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.
VÂNIA
LÚCIA MEDEIROS DA SILVA
RESUMO
Nesta
exposição, procuro apontar alguns desafios que permeiam o discurso e a ação de
todos os segmentos envolvidos com a questão da inclusão em nossas escolas.
Buscando como embasamento teórico trazer as leis criadas para garantir o
direito ao ensino dos alunos com necessidades educacionais especiais. Procuro
também destacar os principais problemas, dificuldades e impasses presentes no
dia-a-dia dos educadores, alunos, escola e outros segmentos da comunidade
escolar. Focalizando a análise na escola como espaço de formação e produção de
conhecimento que tem como objetivo integrar e inclui o seu aluno, e também a
necessidade de investir na qualificação de seus professores. Apresento também
um breve relato de experiências com o objetivo de estimular a reflexão acerca
do tema inclusão, sem a necessidade de mencionar os nomes dos professores ou da
escola envolvida, pois tais experiências são semelhantes e parte do cotidiano
de muitas outras escolas em nosso país.
Palavras-chave: Inclusão Escolar,
Necessidades Educacionais Especiais, Sistema educacional, Qualificação
profissional.
INTRODUÇÃO
“É
preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando
a
igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos iguais
quando a
diferença nos inferioriza”.
(SANTOS, Boaventura. 1995)
O presente artigo parte da escola
como espaço de formação e produção de conhecimento, que tem por objetivo
atender às necessidades de qualquer indivíduo que necessite ou não de apoio
para desenvolver-se em diferentes aspectos no contexto escolar e para que os
alunos se apropriem do saber com autonomia. Diante disto, pretende-se
investigar também como é tratada a questão da inclusão de crianças com
necessidades especiais no ambiente das escolas comuns. O que nos permite
explorar uma justificativa que envolve aspectos de uma cultura educacional e
social, bem como os aspectos da problemática da inclusão na escola regular. O
tratamento dispensado à temática remete às seguintes reflexões: Qual a
realidade da educação inclusiva no Brasil? Qual a função da
escola na perspectiva da inclusão na educação e como as escolas comuns estão
sendo preparadas para a tarefa de incluir crianças com necessidades
educacionais especiais? Como se dá a relação entre o professor e o aluno,
portador de NEE? Qual o papel dos pais neste processo? Como conduzir o processo
de avaliação numa perspectiva de inclusão?
Qual a contribuição da formação continuada para a efetivação
da inclusão na escola regular?
1. A realidade da educação
inclusiva no Brasil
1.1Um
breve histórico
A partir da década de 70, as escolas comuns passam a aceitar alguns
alunos “deficientes” em salas comuns, portanto estes alunos
teriam que adaptar-se aos métodos de ensino
que eram impostos. Essa adaptação do aluno poucas vezes acontecia. No final da
década de 80, após a nova Constituição
Federal de 1988, é que vemos os primeiros e movimentos em direção
da educação inclusiva no Brasil,
passando a existir somente um tipo de educação:
educação para todos, sem exclusão de classes sociais, raça e cor.
Somente a partir década de 90, que o tema
“inclusão social” passou a ser motivo de inúmeras discussões. Não podemos
deixar de mencionar o que foi discutido e acordado na Declaração Mundial sobre
Educação para Todos, em Jomtien, na Talândia, em 1990. Este encontro teve como
objetivo satisfazer as necessidades básicas da aprendizagem de todas as
crianças, jovens e adultos, entendendo a educação como um direito fundamental
de todos.
Artigo 3 [...]
5. As necessidades básicas de
aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem atenção
especial. É preciso tomar medidas que
garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer
tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo.
Com o propósito de
fundamentar esta pesquisa não podemos deixar de citar algumas das principais
leis sobre a Educação para crianças com necessidades
educacionais especiais:
Constituição
de 1988 (consultar o artigo 208);
Lei 7.853,
de 1989, dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua
integração social; Estatuto da Criança e do
adolescente, de 1990; Declaração de Salamanca, de 10
de junho de 1994, sobre princípios, políticas e práticas na área das
necessidades educacionais especiais; Capítulo
da LDB, de 1996, sobre a Educação Especial; Decreto nº. 3.298, de 1999,
regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política
Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência; A lei
10.172, de 2001, aprova o Plano Nacional de Educação que estabelece vinte e
oito objetivos e metas para a educação das pessoas com necessidades
educacionais especiais; Resolução número 2, de 11 de
setembro de 2001 que institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na
Educação Básica; Íntegra do Decreto no. 3.956,
de outubro de 2001, que promulga a Convenção Interamericana para a Eliminação
de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência
(Convenção da Guatemala); Resolução do Conselho Nacional
de Educação nº1/2002, define que as universidades devem prever em sua
organização curricular formação dos professores voltada para a atenção à
diversidade e que contemple conhecimentos sobre as especificidades dos alunos
com necessidades educacionais.
Dentre estes, destacamos o
documento considerado mundialmente um dos mais importantes que visam à inclusão
social: A Declaração de Salamanca (Espanha, 1994) é uma resolução das
Nações Unidas que trata dos princípios, política e prática em educação
especial.
A Declaração de Salamanca (Espanha, 1994), foi o documento de
origem e referência para a educação inclusiva no mundo. (1994,p.15)
(...) a expressão ‘necessidades
educacionais especiais’ refere-se a todas as crianças e jovens cujas carências
se relacionam a deficiências ou dificuldades escolares. (...) Neste conceito,
terão que se incluir crianças com deficiência ou superdotados, crianças de rua
ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nômades, crianças
de minorias linguísticas, étnicas ou culturais
e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.
A inclusão de pessoas com
deficiência na escola, no trabalho e na sociedade em geral, é uma questão
presente nas leis e no discurso dos educadores, familiares, e de alguns
segmentos da comunidade. Mas isto ainda está um pouco longe de ser efetivado na
prática, pois na educação, o aluno com deficiência ainda é visto como um
"aluno especial". A inclusão é considerada pelos educadores, em sua
maioria, como inserção das crianças "diferentes" na escola regular.
Tendo como base a revisão de
literatura sobre este tema, vimos que existem muitas contradições entre o
discurso e a ação, Muitos professores do
ensino regular relatam em seus discursos, entre outros fatores, as condições de
trabalho, a dificuldade na formação continuada do profissional, o número
elevado de alunos por turma, o despreparo e a insegurança para ensinar alunos
portadores de necessidades especiais ou “diferentes”. Muitos se sentem
despreparados para trabalhar com a diversidade. Por outro lado, constata-se
também uma pequena mudança de postura, de concepções e atitudes por parte de
educadores, pesquisadores entre outros segmentos da sociedade em geral, na
assimilação de novos valores e princípios.
A partir destas perspectivas a
questão norteadora do presente estudo é identificar e compreender a inclusão
escolar na escola regular, na tentativa de verificar a situação atual em que
ela se encontra no Brasil. Tomou-se como referência as leis e diretrizes
nacionais, bem como as informações disponibilizadas pelo Ministério da
Educação.
A legislação atual e vigente diz
que os alunos com necessidades especiais devem estar preferencialmente
incluídos na escola comum (BRASIL, 1996). Também a declaração de Salamanca na
Espanha em 1994 citada anteriormente, se apoia na Declaração Universal dos
Direitos Humanos da ONU em 1948 destaca a compreensão de que todas as escolas
deveriam acomodar todos os alunos, independentemente de qualquer condição e,
ainda, enfatiza que a escola precisa encontrar maneiras de educar com êxito
todos os alunos, inclusive aqueles com deficiências graves. Portanto, as
questões legais apresentam com ênfase, favorecimentos e incentivos para a
educação inclusiva.
Neste sentido, muitos segmentos
vêm propondo ações e medidas que visem assegurar os direitos
conquistados, a melhoria da qualidade da educação, a formação dos educadores.
Contudo, quando se fala em
educação inclusiva ainda gera vários questionamentos, pois muitas instituições
de ensino estão caminhando muito lentamente, todavia, há muitas dúvidas e
incertezas em muitos professores, nos quais os mesmos se dizem incapacitados
para trabalhar com crianças especiais, muitas escolas não estão adaptadas para
receber essas crianças especiais. Há poucos professores capacitados para
atender a esta diversidade, falta organização no funcionamento e na estrutura
de muitas instituições de ensino. Estas dificuldades precisam ser eliminadas,
para que possamos ter uma educação de qualidade para todos os indivíduos.
A nova L.D.B (Lei de Diretrizes e
Bases, Lei 9394/96), define a educação como sendo “o conjunto de processos
formativos que se desenvolvem na família, na convivência humana, nas
instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizados da
sociedade civil e nas manifestações culturais”. Tem como objetivo disciplinar a
educação escolar, a que se desenvolve predominantemente, por meio de ensino, em
instituições próprias e que acima de tudo deve estar vinculada ao mundo do
trabalho e à prática social. Explicita igualmente os princípios que devem
nortear o ensino e apresenta como finalidade maior da educação o pleno
desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho.
Dessa forma subentende-se como
tarefa da escola a promoção do desenvolvimento do educando de forma a
prepará-lo para a vida social e para o trabalho. Tarefa esta, que deve iniciar
com a construção da proposta pedagógica na busca da sua autonomia, o que
envolve toda a comunidade escolar, principalmente o aluno e sua família.
Para tornar este ambiente mais
inclusivo, acolhedor é importante adotar diversas medidas para capacitar os
professores e a comunidade escolar para lidar com as diversidades, como:
reuniões para discutir as dificuldades encontradas, conversas com especialistas
nas diversas áreas, oferecer material bibliográfico de apoio, promover
encontros com os pais de crianças com necessidades especiais ou professores que
já tiveram esta experiência para dar depoimentos.
Os alunos da inclusão devem ter o
mesmo acesso ao sistema educacional, porém, segundo pesquisas, a escola não
está cumprindo sua obrigação política com a educação.
Em conversa informal com um professor
de uma escola regular da rede municipal do município de Teutônia em certa
ocasião o mesmo relatou que. “A prática de inclusão, ainda está distante de uma
realidade pedagógica coerente. Ainda estamos no processo inicial de construção
de sistemas inclusivos.” As considerações permitem compreender que há
necessidade de repensar a organização pedagógica e estrutural das escolas para
as finalidades da inclusão. Compreender a diversidade escolar e trabalhá-la
para se obter uma inclusão bem sucedida. Para isto se faz necessário uma
adaptação no currículo e na estrutura escolar respeitando a diversidade dos
alunos para que a inclusão possa ter resultados positivos.
“As escolas abertas à diversidade
são aquelas em que todos os alunos se sentem respeitados e reconhecidos nas
suas diferenças, ou melhor, são escolas que não são indiferentes às
diferenças.” (MANTOAN, 2001, p.51)
Na prática educativa ao longo dos
anos percebi que uma forma de começar esse processo seria dar espaço para os
alunos incluídos para expressarem como se sentem na escola, chamar os pais para
participar deste processo, pois quem vivencia essa realidade pode nos apontar
os caminhos certos, em que direção podemos seguir.
“Os profissionais da escola,
incluindo a equipe de apoio, devem estimular a todos os alunos a tomarem suas
próprias decisões, de forma que eles possam se tornar cada vez mais
importantes, facilitando assim, um processo de inclusão escolar” (SILVA, 2006,
p.27).
A ação educativa inclusiva nos moldes atuais é
uma tarefa complexa, pois a vida escolar se comporta de forma excludente, por
isso, se torna fundamental identificar e compreender que escolas, que níveis de
ensino e que projetos pedagógicos assumem a realidade da inclusão de crianças
com necessidades especiais na prática educativa atualmente.
A educação inclusiva, para atender as
finalidades da escola, deve promover a integração entre todos os alunos, ou
seja, promover a interação, a integração entre os colegas de turma e de toda a
escola.
O ato de incluir, não deve
significar simplesmente matricular no ensino regular tais educandos, mas
assegurar ao professor e à escola o suporte necessário à sua ação pedagógica.
Para isso, toda a comunidade escolar deve estar preparada para receber esses
estudantes, num processo de reformulação das práticas pedagógicas, com o
intuito de combater ações discriminatórias.
Numa escola inclusiva as
diferenças precisam ser respeitadas e valorizadas. O professor precisa estar
atento à singularidade de cada integrante do grupo, promovendo o intercâmbio
entre a diversidade de singularidades e completando-as, sem a intenção da tão
almejada turma homogênea. (MANTOAN, 2002).
O perfil de uma escola
comprometida com a formação de pessoas com necessidades especiais deve
comtemplar o seu aluno também como responsável pelo saber. Estar apta a
transpor barreiras, acolher, respeitar as diferenças, valorizar a curiosidade,
estimular a autonomia favorecendo a autoestima e o sucesso escolar independente
da sua condição.
Apesar de todo avanço
ainda se faz necessário que o poder público, escola e família repensem o
sentido da inclusão para que realmente seja inclusiva. Estudar, planejar e
estruturar melhor a legislação que envolve a educação inclusiva, refletir de
forma mais crítica sobre o que é a inclusão e os aspectos que devem ser
contemplados para promovê-la, de modo que todos tenham acesso.
Receber alunos com
necessidades educativas especiais no ensino regular demanda uma série de
mudanças na escola, como um currículo mais flexível, adaptação de novas práticas
que facilitem a aprendizagem, rever posturas e conceitos, para que se possa
atender às necessidades educativas especiais destes alunos. Incluir, portanto é um processo educativo que
se refere ao respeito ao outro e aceitação das diferenças.
Carvalho (2000) nos
aponta:
Inúmeros e
complexos são os desafios à inclusão escolar de pessoas com deficiência. Por
inclusão, estou me referindo ao acesso, ingresso e permanência desses alunos em
nossas escolas como aprendizes de sucesso e não como números de matrícula ou
como mais um na sala de aula do ensino regular. (p.101)
3. Um breve
relato de experiência sobre a relação entre o professor e o aluno portador de
NEE
Encontramos muitos discursos ainda preconceituosos, em relação aos
alunos portadores de NEE. Em certa ocasião, numa reunião de professores, uma
determinada professora relatou: “Só de olhar para aquele aluno dá pra ver que
ele não é normal.”
Outra professora concorda e diz: “É só olharmos para ele que dá pra ver
que tem alguma deficiência”. Como vimos o preconceito em relação à deficiência
ainda está presente nos discursos destes e de muitos professores no dia-a-dia.
Por outro lado há outros discursos como o de outra professora: “Quando assumi a
turma da 1ª série disseram que eu tinha uma aluna que não falava. Num primeiro
momento me assustei. Depois vi que ela ainda não havia aprendido a falar e
precisava ser estimulada da maneira correta. Hoje em dia ela fala com bastante
fluência e teve um grande progresso dentro das suas limitações.”
Na maioria das vezes, as pessoas
com deficiência são tratadas diferentemente das outras, sofrem com os
preconceitos e são privadas de suas liberdades. Antes de serem deficientes são
pessoas com necessidades e interesses individuais. O preconceito é uma das grandes
barreiras que bloqueiam a inclusão social e profissional dos portadores de NEE.
Analisando estes discursos acima buscou-se
embasamento em Silva (1999) que nos alerta que a diferença é produzida por
relações de poder, tratar o diferente como um sujeito menor envolve situá-lo em
uma posição de menor poder. Então pensar a diferença sob este ponto de vista
nos coloca questões que devem ser observadas com atenção para quem está
interessado em construir outras bases para o ensino e a aprendizagem escolar.
4. Qual o papel dos pais neste processo?
Anteriormente algumas
culturas excluíam os portadores de NE da sociedade, elas eram consideradas
inválidas, sem utilidade para a sociedade e incapazes de trabalhar,
características essas atribuídas indistintamente a todos que tivessem alguma
necessidade especial. Muitos eram internados em instituições de caridade como
doentes que precisavam apenas de atendimento médico. A família muitas vezes
escondia esta criança da sociedade, privando-a da sua liberdade e de ter uma
educação como as demais crianças.
Como vemos através das diversas
leituras sobre o tema, este movimento mundial por uma educação para todos vem
se fortalecendo, sobretudo, a partir das últimas décadas proporcionando
mais oportunidades de sociabilidade às pessoas com necessidades
especiais, mostrando que apesar
das dificuldades a inclusão beneficia a todos e melhora a qualidade do ensino.
Uma
prova disto que acontece em muitas escolas são as atividades
de integração para os pais e a comunidade escolar, proporcionando às famílias
conhecer melhor o seu filho com necessidades especiais, entender suas reações,
e poder lidar melhor com esta diferença. Para os pais que não tem um filho com
necessidades especiais, este tipo de atividade ajuda a lidar com as diferenças
e a perceber que as suas dificuldades, comparadas com as de outras famílias,
muitas vezes são insignificantes.
Nestas atividades de
integração, muitos pais que possuem um filho com necessidades especiais relatam
que se sentem constrangidos por ver seu filho ser discriminado em diversas
situações, como na adaptação social e escolar.
Quando
este aluno tem seu primeiro contato com a escola, é fundamental que família
auxilie neste processo de adaptação da criança a este novo contexto, é
ela que lhe oferece a primeira formação e pode dar o suporte
que o professor necessita na aprendizagem deste aluno. Portanto é importante um
trabalho em conjunto com a professora e com a equipe escolar, no sentido de
apoiar este aluno ajudando-o a enfrentar as barreiras que surgirão.
A escola é o local onde
o este aluno inicia a socialização, compartilha conhecimentos, amplia seu
universo e aprende a confiar em si mesmo, percebendo que é capaz de realizar a
maioria das atividades como os demais alunos, embora leve um pouco mais de
tempo. E é ai onde entra a figura do professor adequando os conteúdos e os
métodos ao ritmo e as características do aluno, a fim de lhe facilitar a
construção de conhecimentos. Este rompimento com práticas e conceitos antigos
requer do professor uma inovação na sua prática para que o seu aluno com
necessidades especiais possa aprender, e se integrar com as demais crianças.
5.
Avaliação: como conduzir este processo numa perspectiva de inclusão
Sabemos que avaliar faz parte do
cotidiano de uma escola. A avaliação na perspectiva da inclusão implica na
participação não apenas do professor, mas de todos que fazem parte na formação
do educando e, para isso, é importante que se estabeleçam, em conjunto,
momentos de estudo, análise e reflexão, pois os conhecimentos específicos das
diferentes áreas do conhecimento e a observação do aluno em diferentes
situações, dentro e fora da escola, que contribuem no sentido de melhor
conhecer e compreender os modos de aprender e interagir dos mesmos. Essa ação é
importante para identificar a melhor forma de atender esses alunos na escola.
Aproveitar a experiência pensando e avaliando de
forma progressiva, levando em conta a realidade do aluno, as suas
potencialidades.
A realidade de nossas escolas é que poucos permanecem
até o final dos anos iniciais, isto pode
ser reflexo de uma avaliação padronizada no processo pedagógico.
A avaliação para ser inclusiva
deve preocupar-se com a remoção das barreiras para a aprendizagem e para a
participação do aluno. Diminuindo o número dos alunos excluídos, ainda hoje
presentes nas turmas e nas escolas regulares.
6.
Formação continuada
De acordo com a lei, a Educação Inclusiva visa incluir, nos
estabelecimentos de ensino regular, todos os estudantes, em salas de aula
comuns, promovendo o aprendizado e o desenvolvimento de todos. Esse é
atualmente, um dos maiores desafios do sistema educacional. Será que os
professores e a escola estão preparados para incluir essas crianças?
Em certa ocasião numa reunião de
professores na escola em que atuava um professor relatou que era difícil
realizar o seu trabalho de forma satisfatória, pois os alunos com NEE
apresentam grande dificuldade em acompanhar o que é dado em sala de aula, não
conseguem copiar a matéria do quadro no mesmo tempo que os outros, e muitas
vezes nem entender a explicação que é dada de maneira satisfatória.
Diante desta postura, não adianta
criar leis que assegurem a inclusão escolar se os profissionais da área não têm
formação para atender as necessidades dos alunos. Através da revisão da
literatura percebeu-se no relato de muitos professores a sua angustia e a falta
de preparo para lidar com crianças com um ritmo de aprendizagem mais lento ou
diferente.
A inclusão de alunos com
necessidades especiais é um grande desafio, pois as dificuldades estão
presentes no contexto escolar. Em muitas escolas o próprio espaço físico é
inadequado, a infraestrutura dos espaços educacionais possui barreiras
arquitetônicas que dificultam a locomoção, e que deveriam ser eliminadas ou, no
mínimo, adaptadas aos deficientes, para sua liberdade de ir e vir.
Para acompanhar este novo
paradigma é necessário uma urgente formação e especialização dos docentes, no
sentido de renovar a sua prática pedagógica e saber que caminho percorrer para
que a inclusão ocorra de fato, pois os alunos com NEE aprendem das mais
diversas formas, apresentam um desenvolvimento diferente, e o aprendizado
acontece, mas de uma outra forma, por outro caminho, e para o educador, é
importante estar preparado para auxiliar esta criança.
Para que a inclusão seja de forma
natural, falta um aprimoramento da qualidade do ensino regular. Desenvolver
novas maneiras de se ensinar, adequadas à heterogeneidade, destinada não apenas
a um grupo exclusivo de alunos, mas uma educação para todos. Um professor bem
preparado pode promover meios pelos quais, o aluno possa construir novos
saberes e ampliar significados.
Quanto mais se amplia a qualidade
da educação, mais se reduz a desigualdade. Quando todos se comprometerem com a
busca por melhores resultados, e soluções a aprendizagem ocorrerá de forma
satisfatória. Investir, portanto, na formação de docentes e funcionários é o
que se pretende numa escola inclusiva, trabalhando princípios como o respeito e
a solidariedade para que este seja um ambiente acolhedor. Esta postura é
essencial para o bom desempenho dos alunos e beneficia a todos. Estar atento a evolução, detectar problemas
a tempo de corrigi-los.
Na minha caminhada como educadora
percebi que as soluções sempre envolvem um trabalho em equipe. Trabalhar com
crianças com NEE requer do profissional da educação um envolvimento ainda
maior, ele precisa conhecer bem esta criança, pois cada uma independente de
suas limitações tem características específicas. Envolver neste processo toda a
escola, é importante que os demais alunos colaborem e ajudem estes alunos
portadores de NEE, pois eles tem um ritmo diferente para realizar as
atividades. Este trabalho de cooperação beneficia a todos na sala de aula, esta
relação de amizade e confiança, ensinar e aprender promove a autonomia e a
liberdade do grupo, possibilitando que eles possam construir juntos o
conhecimento e aprender com as diferenças.
Neste contexto, a formação do
pessoal envolvido com a educação é fundamental, pois esta nova perspectiva
exige mudanças na maneira de se efetivar os processos de ensino e
aprendizagem.
Por fim, a valorização do
profissional de educação, o prazer do ensinar e a formação continuada dos
docentes se faz essencial para que a escola para todos efetivamente aconteça.
CONCLUSÃO
Em síntese podemos considerar que
o movimento de inclusão observado não é suficiente para a demanda existente. As
informações discutidas ressaltam a necessidade de repensar a organização
pedagógica da escola. A supervalorização dos conteúdos cognitivos acabam
selecionando o processo de avanço educativo dos alunos. Esta consideração é
formada pelo fato da escola apresentar pequeno número de inclusões, permanecer
com o atendimento especial, padronizar formas e instrumentos de avaliação independentemente
dos alunos da escola.
Infelizmente, a educação especial
continua sendo vista ainda por muitas escolas e educadores como a única forma
de educação do aluno com necessidades especiais.
Para desenvolver uma nova
perspectiva de educação, com características de inclusão, não basta a escola
ser sensível ao fenômeno de inclusão, é preciso haver mudanças estruturais,
metodológicas e organizacionais do ambiente escolar para receber, estimular,
manter e educar alunos com necessidades especiais. Uma criança se estimulada
adequadamente e com afetividade poderá se tornar um adulto autônomo e feliz.
Concluindo é importante ressaltar
que é necessária uma reflexão ainda maior sobre o papel da escola inclusiva
como representação no atendimento aos direitos do cidadão no contexto
brasileiro atual, pois para incluir é preciso
aceitar as diferenças individuais como uma qualidade e não como um obstáculo,
valorizando esta diversidade humana pela sua importância para o enriquecimento
de todas as pessoas envolvidas.
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