Foi apresentado na sede da CIA - Central de Inteligência Acadêmica, o Artigo Científico da aluno Vânia Lúcia Mederiros da Silva do Programa de Especialização em Educação da UNICID.



A aluna, concluiu seu curso de Pós-graduação em Educação Inclusiva e destacou no seu Artigo, Nesta exposição, procuro apontar alguns desafios que permeiam o discurso e a ação de todos os segmentos envolvidos com a questão da inclusão em nossas escolas. Buscando como embasamento teórico trazer as leis criadas para garantir o direito ao ensino dos alunos com necessidades educacionais especiais. Procuro também destacar os principais problemas, dificuldades e impasses presentes no dia-a-dia dos educadores, alunos, escola e outros segmentos da comunidade escolar. Focalizando a análise na escola como espaço de formação e produção de conhecimento que tem como objetivo integrar e inclui o seu aluno, e também a necessidade de investir na qualificação de seus professores. Apresento também um breve relato de experiências com o objetivo de estimular a reflexão acerca do tema inclusão, sem a necessidade de mencionar os nomes dos professores ou da escola envolvida, pois tais experiências são semelhantes e parte do cotidiano de muitas outras escolas em nosso país.












Veja abaixo mais detalhes do Artigo
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VÂNIA LÚCIA MEDEIROS DA SILVA





ESCOLA PARA TODOS: OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA









Artigo científico apresentado ao Curso de Pós-Graduação da Universidade da cidade de São Paulo -UNICID, como requisito para obtenção do certificado de Especialista em Educação Inclusiva.

Prof. Orientador: LEOCILÉA APARECIDA VIEIRA


TEUTÔNIA
2011

TÍTULO: ESCOLA PARA TODOS: OS DESAFIOS DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.
VÂNIA LÚCIA MEDEIROS DA SILVA

RESUMO


Nesta exposição, procuro apontar alguns desafios que permeiam o discurso e a ação de todos os segmentos envolvidos com a questão da inclusão em nossas escolas. Buscando como embasamento teórico trazer as leis criadas para garantir o direito ao ensino dos alunos com necessidades educacionais especiais. Procuro também destacar os principais problemas, dificuldades e impasses presentes no dia-a-dia dos educadores, alunos, escola e outros segmentos da comunidade escolar. Focalizando a análise na escola como espaço de formação e produção de conhecimento que tem como objetivo integrar e inclui o seu aluno, e também a necessidade de investir na qualificação de seus professores. Apresento também um breve relato de experiências com o objetivo de estimular a reflexão acerca do tema inclusão, sem a necessidade de mencionar os nomes dos professores ou da escola envolvida, pois tais experiências são semelhantes e parte do cotidiano de muitas outras escolas em nosso país.

Palavras-chave: Inclusão Escolar, Necessidades Educacionais Especiais, Sistema educacional, Qualificação profissional.



INTRODUÇÃO

“É preciso que tenhamos o direito de sermos diferentes quando
a igualdade nos descaracteriza e o direito de sermos iguais
quando a diferença nos inferioriza”.

                  (SANTOS, Boaventura. 1995)


O presente artigo parte da escola como espaço de formação e produção de conhecimento, que tem por objetivo atender às necessidades de qualquer indivíduo que necessite ou não de apoio para desenvolver-se em diferentes aspectos no contexto escolar e para que os alunos se apropriem do saber com autonomia. Diante disto, pretende-se investigar também como é tratada a questão da inclusão de crianças com necessidades especiais no ambiente das escolas comuns. O que nos permite explorar uma justificativa que envolve aspectos de uma cultura educacional e social, bem como os aspectos da problemática da inclusão na escola regular. O tratamento dispensado à temática remete às seguintes reflexões: Qual a realidade da educação inclusiva no Brasil? Qual a função da escola na perspectiva da inclusão na educação e como as escolas comuns estão sendo preparadas para a tarefa de incluir crianças com necessidades educacionais especiais? Como se dá a relação entre o professor e o aluno, portador de NEE? Qual o papel dos pais neste processo? Como conduzir o processo de avaliação numa perspectiva de inclusão? Qual a contribuição da formação continuada para a efetivação da inclusão na escola regular?


1. A realidade da educação inclusiva no Brasil
1.1Um breve histórico
A partir da década de 70, as escolas comuns passam a aceitar alguns alunos “deficientes” em salas comuns, portanto estes alunos teriam que adaptar-se aos métodos de ensino que eram impostos. Essa adaptação do aluno poucas vezes acontecia. No final da década de 80, após a nova Constituição Federal de 1988, é que vemos os primeiros e movimentos em direção da educação inclusiva no Brasil, passando a existir somente um tipo de educação: educação para todos, sem exclusão de classes sociais, raça e cor.
 Somente a partir década de 90, que o tema “inclusão social” passou a ser motivo de inúmeras discussões. Não podemos deixar de mencionar o que foi discutido e acordado na Declaração Mundial sobre Educação para Todos, em Jomtien, na Talândia, em 1990. Este encontro teve como objetivo satisfazer as necessidades básicas da aprendizagem de todas as crianças, jovens e adultos, entendendo a educação como um direito fundamental de todos.
Artigo 3 [...]
5. As necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem atenção especial.  É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo.

Com o propósito de fundamentar esta pesquisa não podemos deixar de citar algumas das principais leis sobre a Educação para crianças com necessidades educacionais especiais:
Dentre estes, destacamos o documento considerado mundialmente um dos mais importantes que visam à inclusão social: A Declaração de Salamanca (Espanha, 1994) é uma resolução das Nações Unidas que trata dos princípios, política e prática em educação especial.
A Declaração de Salamanca (Espanha, 1994), foi o documento de origem e referência para a educação inclusiva no mundo. (1994,p.15)

(...) a expressão ‘necessidades educacionais especiais’ refere-se a todas as crianças e jovens cujas carências se relacionam a deficiências ou dificuldades escolares. (...) Neste conceito, terão que se incluir crianças com deficiência ou superdotados, crianças de rua ou crianças que trabalham, crianças de populações remotas ou nômades, crianças de minorias linguísticas, étnicas ou culturais e crianças de áreas ou grupos desfavorecidos ou marginais.

A inclusão de pessoas com deficiência na escola, no trabalho e na sociedade em geral, é uma questão presente nas leis e no discurso dos educadores, familiares, e de alguns segmentos da comunidade. Mas isto ainda está um pouco longe de ser efetivado na prática, pois na educação, o aluno com deficiência ainda é visto como um "aluno especial". A inclusão é considerada pelos educadores, em sua maioria, como inserção das crianças "diferentes" na escola regular.
Tendo como base a revisão de literatura sobre este tema, vimos que existem muitas contradições entre o discurso e a ação,  Muitos professores do ensino regular relatam em seus discursos, entre outros fatores, as condições de trabalho, a dificuldade na formação continuada do profissional, o número elevado de alunos por turma, o despreparo e a insegurança para ensinar alunos portadores de necessidades especiais ou “diferentes”. Muitos se sentem despreparados para trabalhar com a diversidade. Por outro lado, constata-se também uma pequena mudança de postura, de concepções e atitudes por parte de educadores, pesquisadores entre outros segmentos da sociedade em geral, na assimilação de novos valores e princípios.
A partir destas perspectivas a questão norteadora do presente estudo é identificar e compreender a inclusão escolar na escola regular, na tentativa de verificar a situação atual em que ela se encontra no Brasil. Tomou-se como referência as leis e diretrizes nacionais, bem como as informações disponibilizadas pelo Ministério da Educação.
A legislação atual e vigente diz que os alunos com necessidades especiais devem estar preferencialmente incluídos na escola comum (BRASIL, 1996). Também a declaração de Salamanca na Espanha em 1994 citada anteriormente, se apoia na Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU em 1948 destaca a compreensão de que todas as escolas deveriam acomodar todos os alunos, independentemente de qualquer condição e, ainda, enfatiza que a escola precisa encontrar maneiras de educar com êxito todos os alunos, inclusive aqueles com deficiências graves. Portanto, as questões legais apresentam com ênfase, favorecimentos e incentivos para a educação inclusiva.
Neste sentido, muitos segmentos vêm propondo ações e medidas que visem  assegurar os direitos conquistados, a melhoria da qualidade da educação, a formação dos educadores.
Contudo, quando se fala em educação inclusiva ainda gera vários questionamentos, pois muitas instituições de ensino estão caminhando muito lentamente, todavia, há muitas dúvidas e incertezas em muitos professores, nos quais os mesmos se dizem incapacitados para trabalhar com crianças especiais, muitas escolas não estão adaptadas para receber essas crianças especiais. Há poucos professores capacitados para atender a esta diversidade, falta organização no funcionamento e na estrutura de muitas instituições de ensino. Estas dificuldades precisam ser eliminadas, para que possamos ter uma educação de qualidade para todos os indivíduos. 

2. A função da escola na perspectiva da inclusão na educação

A nova L.D.B (Lei de Diretrizes e Bases, Lei 9394/96), define a educação como sendo “o conjunto de processos formativos que se desenvolvem na família, na convivência humana, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizados da sociedade civil e nas manifestações culturais”. Tem como objetivo disciplinar a educação escolar, a que se desenvolve predominantemente, por meio de ensino, em instituições próprias e que acima de tudo deve estar vinculada ao mundo do trabalho e à prática social. Explicita igualmente os princípios que devem nortear o ensino e apresenta como finalidade maior da educação o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Dessa forma subentende-se como tarefa da escola a promoção do desenvolvimento do educando de forma a prepará-lo para a vida social e para o trabalho. Tarefa esta, que deve iniciar com a construção da proposta pedagógica na busca da sua autonomia, o que envolve toda a comunidade escolar, principalmente o aluno e sua família.
Para tornar este ambiente mais inclusivo, acolhedor é importante adotar diversas medidas para capacitar os professores e a comunidade escolar para lidar com as diversidades, como: reuniões para discutir as dificuldades encontradas, conversas com especialistas nas diversas áreas, oferecer material bibliográfico de apoio, promover encontros com os pais de crianças com necessidades especiais ou professores que já tiveram esta experiência para dar depoimentos.
Os alunos da inclusão devem ter o mesmo acesso ao sistema educacional, porém, segundo pesquisas, a escola não está cumprindo sua obrigação política com a educação.
Em conversa informal com um professor de uma escola regular da rede municipal do município de Teutônia em certa ocasião o mesmo relatou que. “A prática de inclusão, ainda está distante de uma realidade pedagógica coerente. Ainda estamos no processo inicial de construção de sistemas inclusivos.” As considerações permitem compreender que há necessidade de repensar a organização pedagógica e estrutural das escolas para as finalidades da inclusão. Compreender a diversidade escolar e trabalhá-la para se obter uma inclusão bem sucedida. Para isto se faz necessário uma adaptação no currículo e na estrutura escolar respeitando a diversidade dos alunos para que a inclusão possa ter resultados positivos.
“As escolas abertas à diversidade são aquelas em que todos os alunos se sentem respeitados e reconhecidos nas suas diferenças, ou melhor, são escolas que não são indiferentes às diferenças.” (MANTOAN, 2001, p.51)
Na prática educativa ao longo dos anos percebi que uma forma de começar esse processo seria dar espaço para os alunos incluídos para expressarem como se sentem na escola, chamar os pais para participar deste processo, pois quem vivencia essa realidade pode nos apontar os caminhos certos, em que direção podemos seguir.

“Os profissionais da escola, incluindo a equipe de apoio, devem estimular a todos os alunos a tomarem suas próprias decisões, de forma que eles possam se tornar cada vez mais importantes, facilitando assim, um processo de inclusão escolar” (SILVA, 2006, p.27).
 A ação educativa inclusiva nos moldes atuais é uma tarefa complexa, pois a vida escolar se comporta de forma excludente, por isso, se torna fundamental identificar e compreender que escolas, que níveis de ensino e que projetos pedagógicos assumem a realidade da inclusão de crianças com necessidades especiais na prática educativa atualmente.
        A educação inclusiva, para atender as finalidades da escola, deve promover a integração entre todos os alunos, ou seja, promover a interação, a integração entre os colegas de turma e de toda a escola.
O ato de incluir, não deve significar simplesmente matricular no ensino regular tais educandos, mas assegurar ao professor e à escola o suporte necessário à sua ação pedagógica. Para isso, toda a comunidade escolar deve estar preparada para receber esses estudantes, num processo de reformulação das práticas pedagógicas, com o intuito de combater ações discriminatórias.
Numa escola inclusiva as diferenças precisam ser respeitadas e valorizadas. O professor precisa estar atento à singularidade de cada integrante do grupo, promovendo o intercâmbio entre a diversidade de singularidades e completando-as, sem a intenção da tão almejada turma homogênea. (MANTOAN, 2002).
O perfil de uma escola comprometida com a formação de pessoas com necessidades especiais deve comtemplar o seu aluno também como responsável pelo saber. Estar apta a transpor barreiras, acolher, respeitar as diferenças, valorizar a curiosidade, estimular a autonomia favorecendo a autoestima e o sucesso escolar independente da sua condição.
Apesar de todo avanço ainda se faz necessário que o poder público, escola e família repensem o sentido da inclusão para que realmente seja inclusiva. Estudar, planejar e estruturar melhor a legislação que envolve a educação inclusiva, refletir de forma mais crítica sobre o que é a inclusão e os aspectos que devem ser contemplados para promovê-la, de modo que todos tenham acesso.
Receber alunos com necessidades educativas especiais no ensino regular demanda uma série de mudanças na escola, como um currículo mais flexível, adaptação de novas práticas que facilitem a aprendizagem, rever posturas e conceitos, para que se possa atender às necessidades educativas especiais destes alunos.  Incluir, portanto é um processo educativo que se refere ao respeito ao outro e aceitação das diferenças.
Carvalho (2000) nos aponta:
Inúmeros e complexos são os desafios à inclusão escolar de pessoas com deficiência. Por inclusão, estou me referindo ao acesso, ingresso e permanência desses alunos em nossas escolas como aprendizes de sucesso e não como números de matrícula ou como mais um na sala de aula do ensino regular. (p.101)


3.  Um breve relato de experiência sobre a relação entre o professor e o aluno portador de NEE


Encontramos muitos discursos ainda preconceituosos, em relação aos alunos portadores de NEE. Em certa ocasião, numa reunião de professores, uma determinada professora relatou: “Só de olhar para aquele aluno dá pra ver que ele não é normal.”
Outra professora concorda e diz: “É só olharmos para ele que dá pra ver que tem alguma deficiência”. Como vimos o preconceito em relação à deficiência ainda está presente nos discursos destes e de muitos professores no dia-a-dia. Por outro lado há outros discursos como o de outra professora: “Quando assumi a turma da 1ª série disseram que eu tinha uma aluna que não falava. Num primeiro momento me assustei. Depois vi que ela ainda não havia aprendido a falar e precisava ser estimulada da maneira correta. Hoje em dia ela fala com bastante fluência e teve um grande progresso dentro das suas limitações.”
Na maioria das vezes, as pessoas com deficiência são tratadas diferentemente das outras, sofrem com os preconceitos e são privadas de suas liberdades. Antes de serem deficientes são pessoas com necessidades e interesses individuais. O preconceito é uma das grandes barreiras que bloqueiam a inclusão social e profissional dos portadores de NEE.
Analisando estes discursos acima buscou-se embasamento em Silva (1999) que nos alerta que a diferença é produzida por relações de poder, tratar o diferente como um sujeito menor envolve situá-lo em uma posição de menor poder. Então pensar a diferença sob este ponto de vista nos coloca questões que devem ser observadas com atenção para quem está interessado em construir outras bases para o ensino e a aprendizagem escolar.


4. Qual o papel dos pais neste processo?


Anteriormente algumas culturas excluíam os portadores de NE da sociedade, elas eram consideradas inválidas, sem utilidade para a sociedade e incapazes de trabalhar, características essas atribuídas indistintamente a todos que tivessem alguma necessidade especial. Muitos eram internados em instituições de caridade como doentes que precisavam apenas de atendimento médico. A família muitas vezes escondia esta criança da sociedade, privando-a da sua liberdade e de ter uma educação como as demais crianças.
Como vemos através das diversas leituras sobre o tema, este movimento mundial por uma educação para todos vem se fortalecendo, sobretudo, a partir das últimas décadas proporcionando mais oportunidades de sociabilidade às pessoas com necessidades especiais, mostrando que apesar das dificuldades a inclusão beneficia a todos e melhora a qualidade do ensino.
Uma prova disto que acontece em muitas escolas são as atividades de integração para os pais e a comunidade escolar, proporcionando às famílias conhecer melhor o seu filho com necessidades especiais, entender suas reações, e poder lidar melhor com esta diferença. Para os pais que não tem um filho com necessidades especiais, este tipo de atividade ajuda a lidar com as diferenças e a perceber que as suas dificuldades, comparadas com as de outras famílias, muitas vezes são insignificantes.
Nestas atividades de integração, muitos pais que possuem um filho com necessidades especiais relatam que se sentem constrangidos por ver seu filho ser discriminado em diversas situações, como na adaptação social e escolar.
            Quando este aluno tem seu primeiro contato com a escola, é fundamental que família auxilie neste processo de adaptação da criança a este novo contexto, é ela que lhe oferece a primeira formação e pode dar o suporte que o professor necessita na aprendizagem deste aluno. Portanto é importante um trabalho em conjunto com a professora e com a equipe escolar, no sentido de apoiar este aluno ajudando-o a enfrentar as barreiras que surgirão.
A escola é o local onde o este aluno inicia a socialização, compartilha conhecimentos, amplia seu universo e aprende a confiar em si mesmo, percebendo que é capaz de realizar a maioria das atividades como os demais alunos, embora leve um pouco mais de tempo. E é ai onde entra a figura do professor adequando os conteúdos e os métodos ao ritmo e as características do aluno, a fim de lhe facilitar a construção de conhecimentos. Este rompimento com práticas e conceitos antigos requer do professor uma inovação na sua prática para que o seu aluno com necessidades especiais possa aprender, e se integrar com as demais crianças.





5. Avaliação: como conduzir este processo numa perspectiva de inclusão

Sabemos que avaliar faz parte do cotidiano de uma escola. A avaliação na perspectiva da inclusão implica na participação não apenas do professor, mas de todos que fazem parte na formação do educando e, para isso, é importante que se estabeleçam, em conjunto, momentos de estudo, análise e reflexão, pois os conhecimentos específicos das diferentes áreas do conhecimento e a observação do aluno em diferentes situações, dentro e fora da escola, que contribuem no sentido de melhor conhecer e compreender os modos de aprender e interagir dos mesmos. Essa ação é importante para identificar a melhor forma de atender esses alunos na escola.

Aproveitar a experiência pensando e avaliando de forma progressiva, levando em conta a realidade do aluno, as suas potencialidades.
A realidade de nossas escolas é que poucos permanecem até o final dos anos iniciais, isto  pode ser reflexo de uma avaliação padronizada no processo pedagógico.
A avaliação para ser inclusiva deve preocupar-se com a remoção das barreiras para a aprendizagem e para a participação do aluno. Diminuindo o número dos alunos excluídos, ainda hoje presentes nas turmas e nas escolas regulares.



6. Formação continuada

De acordo com a lei, a Educação Inclusiva visa incluir, nos estabelecimentos de ensino regular, todos os estudantes, em salas de aula comuns, promovendo o aprendizado e o desenvolvimento de todos. Esse é atualmente, um dos maiores desafios do sistema educacional. Será que os professores e a escola estão preparados para incluir essas crianças?
Em certa ocasião numa reunião de professores na escola em que atuava um professor relatou que era difícil realizar o seu trabalho de forma satisfatória, pois os alunos com NEE apresentam grande dificuldade em acompanhar o que é dado em sala de aula, não conseguem copiar a matéria do quadro no mesmo tempo que os outros, e muitas vezes nem entender a explicação que é dada de maneira satisfatória.

Diante desta postura, não adianta criar leis que assegurem a inclusão escolar se os profissionais da área não têm formação para atender as necessidades dos alunos. Através da revisão da literatura percebeu-se no relato de muitos professores a sua angustia e a falta de preparo para lidar com crianças com um ritmo de aprendizagem mais lento ou diferente.
A inclusão de alunos com necessidades especiais é um grande desafio, pois as dificuldades estão presentes no contexto escolar. Em muitas escolas o próprio espaço físico é inadequado, a infraestrutura dos espaços educacionais possui barreiras arquitetônicas que dificultam a locomoção, e que deveriam ser eliminadas ou, no mínimo, adaptadas aos deficientes, para sua liberdade de ir e vir.
Para acompanhar este novo paradigma é necessário uma urgente formação e especialização dos docentes, no sentido de renovar a sua prática pedagógica e saber que caminho percorrer para que a inclusão ocorra de fato, pois os alunos com NEE aprendem das mais diversas formas, apresentam um desenvolvimento diferente, e o aprendizado acontece, mas de uma outra forma, por outro caminho, e para o educador, é importante estar preparado para auxiliar esta criança.
Para que a inclusão seja de forma natural, falta um aprimoramento da qualidade do ensino regular. Desenvolver novas maneiras de se ensinar, adequadas à heterogeneidade, destinada não apenas a um grupo exclusivo de alunos, mas uma educação para todos. Um professor bem preparado pode promover meios pelos quais, o aluno possa construir novos saberes e ampliar significados.
Quanto mais se amplia a qualidade da educação, mais se reduz a desigualdade. Quando todos se comprometerem com a busca por melhores resultados, e soluções a aprendizagem ocorrerá de forma satisfatória. Investir, portanto, na formação de docentes e funcionários é o que se pretende numa escola inclusiva, trabalhando princípios como o respeito e a solidariedade para que este seja um ambiente acolhedor. Esta postura é essencial para o bom desempenho dos alunos e beneficia a todos.   Estar atento a evolução, detectar problemas a tempo de corrigi-los.
Na minha caminhada como educadora percebi que as soluções sempre envolvem um trabalho em equipe. Trabalhar com crianças com NEE requer do profissional da educação um envolvimento ainda maior, ele precisa conhecer bem esta criança, pois cada uma independente de suas limitações tem características específicas. Envolver neste processo toda a escola, é importante que os demais alunos colaborem e ajudem estes alunos portadores de NEE, pois eles tem um ritmo diferente para realizar as atividades. Este trabalho de cooperação beneficia a todos na sala de aula, esta relação de amizade e confiança, ensinar e aprender promove a autonomia e a liberdade do grupo, possibilitando que eles possam construir juntos o conhecimento e aprender com as diferenças.
Neste contexto, a formação do pessoal envolvido com a educação é fundamental, pois esta nova perspectiva exige mudanças na maneira de se efetivar os processos de ensino e aprendizagem. 
Por fim, a valorização do profissional de educação, o prazer do ensinar e a formação continuada dos docentes se faz essencial para que a escola para todos efetivamente aconteça.


CONCLUSÃO

Em síntese podemos considerar que o movimento de inclusão observado não é suficiente para a demanda existente. As informações discutidas ressaltam a necessidade de repensar a organização pedagógica da escola. A supervalorização dos conteúdos cognitivos acabam selecionando o processo de avanço educativo dos alunos. Esta consideração é formada pelo fato da escola apresentar pequeno número de inclusões, permanecer com o atendimento especial, padronizar formas e instrumentos de avaliação independentemente dos alunos da escola.
Infelizmente, a educação especial continua sendo vista ainda por muitas escolas e educadores como a única forma de educação do aluno com necessidades especiais.
Para desenvolver uma nova perspectiva de educação, com características de inclusão, não basta a escola ser sensível ao fenômeno de inclusão, é preciso haver mudanças estruturais, metodológicas e organizacionais do ambiente escolar para receber, estimular, manter e educar alunos com necessidades especiais. Uma criança se estimulada adequadamente e com afetividade poderá se tornar um adulto autônomo e feliz.
Concluindo é importante ressaltar que é necessária uma reflexão ainda maior sobre o papel da escola inclusiva como representação no atendimento aos direitos do cidadão no contexto brasileiro atual, pois para incluir é preciso aceitar as diferenças individuais como uma qualidade e não como um obstáculo, valorizando esta diversidade humana pela sua importância para o enriquecimento de todas as pessoas envolvidas.

REFERÊNCIAS

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______. Lei 8069 de 13 de julho de 1990. Estatuto da Criança e do Adolescente.

______. Lei Federal 9394 de 20/12/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação

CARVALHO, Rosita Edler. Removendo barreiras para a aprendizagem. Porto Alegre.Mediação. 2000. Conferência Mundial sobre Necessidades em Educação Especial: acesso e qualidade. 1994.
DECLARAÇÃO MUNDIAL SOBRE EDUCAÇÃO PARA TODOS. Disponível em:<http://unesdoc.unesco.org/images/0008/000862/086291por.pdf>Acesso em: 07 julho 2011.

HOFFMANN, Jussara. O Jogo do Contrário em Avaliação, Mediação. Porto Alegre/RS: Cortês, 2005.

MANTOAN, Maria Teresa Eglér (org). Caminhos Pedagógicos da Inclusão, , 243 págs., Ed. Memnon, 2002.

________________________________. Pensando e fazendo educação de qualidade para todos. São Paulo: Moderna, 2001.

NOVA ESCOLA, São Paulo, Ano XXI, Edição Especial n.11, out. 2006.

SALAMANCA. Declaração. In: Declaração de Salamanca e enquadramento da ação na área de Necessidades Especiais. Paris. Unesco.
SILVA, Adilson Florentino.  A inclusão escolar de alunos com necessidades educacionais especiais: deficiência física. – Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2006.

SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de Identidade. Uma introdução às teorias de currículo. Belo Horizonte: Autêntica, 1999.

UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília, CORDE, 1994.

UNICEF - Declaração Mundial de Educação Para Todos e Plano de Ação Mundial para satisfazer as Necessidades Básicas de Aprendizagem. Brasília/DF, 1991. 




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